sexta-feira, fevereiro 16, 2007

és poesia


és poesia que me veste
e me disfarça
és poesia que me limpa
e me ensina
és poesia que me culpa
e me deturpa
és poesia que me faz
e me desfaz
és poesia que me solta
e que me corta
és poesia que me mata
e me acorda
és poesia de manhã
e nesta luz
és poesia que eu quero
e nunca fiz

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

abraça-me antes de cortar o cabelo


se te sentir antes do céu
quero apanhar as sílabas
e construir as tuas palavras
um dia escrevo um livro
entre o ventre e agosto
máquinas de nada te servem
se não tiveres mãos...
mãos para me abraçar

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

guarda-me contigo
contra a parede
no teu bloco
na prateleira lá do canto
na enciclopédia
no banco detrás
guarda-me contigo
quando acordares
no teu olhar disfarçado
na tua cozinha
no teu conhecimento
dentro da tua máquina de lavar
guarda-me contigo
na tua ingenuidade
no teu vestido
dentro dos teus movimentos
nas pinturas da parede
nos teus copos de iogurte
guarda-me contigo
na caneta que te escreve
no café que absorves
com as tuas mãos que me conhecem
nas músicas que ouves
no incenso que inalas
guarda-me contigo
na água que te molha
na lâmina das tuas facas
com os segredos que me contas
na fechadura dessa porta
na tua irresponsabilidade temporária
guarda-me contigo
no lugar que te der mais jeito
e telefona de vez em quando...