sábado, agosto 30, 2008

flores de outono


flores de outono chegam
cedo p'ra jantar
já não têm seiva
p'ra se alimentar

flores de outono ficam
dias sem respirar
encontram lá um pouso
p'ra poderem secar

flores de outono morrem
sem nada p'ra contar
nem deixam semente
para germinar

terça-feira, abril 29, 2008

a voz que já não ouço


lembras-te?
seis da manhã e tu perguntavas
'tás a ouvir? 'tás a ouvir?
ao teu lado eu sentia-me vazio
também queria ir ao fundo de tudo
tu já o tinhas deixado de ser há muito
a vontade de perceber como brilham os pirilampos
a necessidade de sentir o deslizar do orvalho
ainda o dia não tinha nascido
e já fazias as tuas arqueologias matinais
porque a vida não pára para dormir...
ficarás cá dentro para sempre
agora eu consigo perceber porquê
porque sempre foste tu que me disseste
loucos são aqueles que não te querem entender...
depende II


resposta?
afirmação!
pergunta,
exclamação.
e tudo depende da pontuação...
depende I


depende da persistência
e da consistência
depende do número de metamorfoses
e das agulhas com que te coses
depende daquilo que nos faz parar
do que temos e não podemos dar
depende dos santos que nos vigiam
e do peso das ilusões que nos criam
dependemos
mas tudo seca.